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28 de janeiro de 2012

Um novo fervilhar da literatura Guineense

A Guiné-Bissau atravessa neste momento um excelente período em termos editoriais. Nos últimos tempos, foram vários os livros que me chegaram às mãos.

Em «Amílcar Cabral (1924-1973). Vida e morte de um revolucionário africano» Julião Soares Sousa, historiador Guineense, doutorado pela Universidade de Coimbra, leva-nos numa viagem desde Bafatá, com o nascimento de Amílcar Cabral, até Conakry com a sua morte, passando por Cabo-Verde e Portugal. Trata-se de um excelente livro, muito bem fundamentado, que nos faz compreender o homem Amílcar Cabral e o contexto da sua formação e elaboração das suas ideias. Vários são os mitos que se desfazem (como por exemplo o seu local de nascimento) e diversos factos reportados por outros autores são corrigidos. Julião Sousa conseguiu fazer um retrato sério e distanciado, não alimentando mitos e ficções, permitindo-nos estar em contacto com o homem superior que foi Amílcar Cabral. Tratando-se fundamentalmente da adaptação de uma tese académica que serviu para a obtenção do doutoramento do autor, o leitor poderá ficar um bocado perdido no meio das inúmeras referências e das diferentes contextualizações que são obrigatórias num meio académico, mas que acabam por tornar os livros pouco "amigáveis" para o público geral.
No entanto, trata-se de um livro obrigatório para quem quer perceber o fundador das nacionalidades Guineense e Cabo-verdiana.

«Testemunho» é um livro póstumo de Filinto Barros,um dos intelectuais da ala guineense do PAIGC, com grande participação na clandestinidade em Lisboa e após a independência membro de diferentes governos. No livro, o autor dá a sua visão do 14 de Novembro, das suas causas e algumas das suas consequências. É uma visão pessoal, de quem viveu os acontecimentos por dentro e que tem, por vezes, necessidade de se justificar. É, quanto a mim, um livro que poderá estimular o debate e a polémica sob diferentes formas. Desde logo pelas causas que aponta como estando na origem do 14 de Novembro e do papel do Nino Vieira. Por outro lado, o autor apresenta a sua visão sobre a tentativa de industrialização do país efectuado por Luís Cabral e as causas do seu falhanço (pelo menos do seu ponto de vista). Ainda estão vivos vários intervenientes do processo de escolha dos diferentes projectos e que poderão apresentar as suas versões. Outro tema abordado no livro foi o da liberalização económica e as privatizações de empresas públicas, onde ficamos a perceber o enorme fiasco que caracterizou este período e alguns dos responsáveis. Trata-se de um contributo para a nossa história recente e é pena que o autor já não esteja entre nós, porque o debate poderia ser vivo e interessante.

Por fim, quero falar de «Entre a Roseira e a Pólvora, o Capim!», segundo livro de poemas de Saliatu da Costa, uma jovem Guineense que se vem juntar à lista de poetas da geração pós-independência e a um género onde tivemos sempre maior tradição. O livro abre com um excelente prefácio do Miguel de Barros e os poemas levam-nos pelo verde do nosso país, suas gentes, seus cheiros e suas contradições. Vale a pena ler.

Neste momento encontro-me a ler o «Guerra Colonial e Guerra de Libertação Nacional 1950-1974: o caso da Guiné-Bissau» do historiador Leopoldo Amado, sobre o qual darei mais informações quando o acabar.

Uma palavra ainda, para o romance, ainda não publicado, da Joacine Moreira que esperamos que contribua para o panorama literário Guineense.

Que estes livros sirvam para nos conhecermos enquanto povo e que o debate livre e civilizado floresça.

A. Casimiro
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12 de janeiro de 2012

Coisas da minha terra

Coisas da minha terra (Escrito na sequência da última convulsão militar no nosso país).

No meu país (se é que ainda mantenho o direito constitucional de ser Guineense, pois há sempre quem ma queira retirar, por, pecado dos pecados, estudar, trabalhar e investigar fora) mata-se e morre-se.
Dizem-nos mais uma vez, que não se passou nada de especial, que a situação está controlada, que é um mero problema entre militares. Alguns parecem acreditar. A mim irrita-me. Irrita-me que, mais uma vez eu e o meu povo sejamos tratados como crianças e deficientes mentais. Penso para comigo, onde é que já vi este filme? Os maus actores do costume, as ditas listas com os nomes do costume, as intervenções do costume. Tudo básico, tudo nojento.
Também a mim, se levantam dezenas e dezenas de interrogações (partilho algumas):
1. O que é que aconteceu realmente? Qual foi o objectivo? Quem ganha com a retida de cena de mais umas quantas pessoas? Quem é que detém o verdadeiro poder militar na Guiné-Bissau? Com a prisão do Bubo, qual vai ser o papel do seu corpo de fuzileiros e restantes militares da Marinha? Qual é o papel do batalhão de Mansoa? Que é feito dos outros militares em prisão domiciliária?
2. Qual é o papel da polícia de intervenção rápida na sociedade? Serão polícias com missões reguladas pelas leis da república ou serão milícias (de quem?) sujeitas à impunidade?
3. O meu país tem um presidente da república? Há alguém que o substitui? Não dei conta. Em toda esta confusão não ouvi uma palavra do Presidente ou do Presidente interino. O povo não merece.
Em qualquer país decente, o cidadão tem o direito de saber de que doença sofre o seu presidente da república e em que medida isso afecta as suas responsabilidades constitucionais. No meu país não. É normal o secretismo sobre a saúde do presidente.
4. O meu país tem um governo e um PM? Que eu saiba, e os juristas que me corrijam, o governo tem o dever de zelar pela segurança e bem-estar da sua população. Coisa que, definitivamente, não tem acontecido. Num país normal, a esta hora, os ministros da Defesa e da Administração Interna já se teriam demitido ou teriam sido convidados a sair do governo. No meu país não. Ainda serão promovidos ou no máximo irão para uma outra pasta governamental.
5. O governo tem algum controle sobre os militares?
6. O poder judicial existe? Onde anda o PGR? Num país decente, ou conseguia fazer algo, ou demitia-se.
7. Qual é o papel da comunidade internacional? Para que serve a UNIOGBIS? Para a manutenção do status quo e de uns quantos empregos do pessoal do sistema das NU. Qual é o papel de Angola em toda esta história?

Tenho saudades de uma outra Guiné.

Eu sou do país de Carlos Lopes, Joaquim Silva Tavares (Djoca), Bernardino Cardoso, Domingos Simões Pereira, Henrique Rosa, Magda Robalo, Hélder Vaz, Fortunato Barros, Augusta Henriques, Manecas Costa, Tabanka Djaz, Carlos Cardoso, Djamila Cabral, etc, etc ( meros exemplos, deixando de fora, com toda a certeza, imensos quadros no país e na diáspora) e que projectam todos os dias a Guiné-Bissau.

Tenho saudades do tempo em que tínhamos ministros que não nos faziam passar vergonhas. Gente com capacidade trabalho e pensamento. Pergunto-me todos os dias para quando um partido político de jeito no meu país, com pensamento, com estratégia, com planos e sonhos? Não tenho paciência para politiquices e procura de tachos. Conseguiu-se banalizar a política e os políticos. Toda a gente passou a achar que tinha competência para ser no mínimo ministro!

No meu país a incidência da pobreza extrema é de 33% e a mortalidade de crianças com menos de 5 anos de idade é das mais altas do mundo (193/1000 nados-vivos)!O nosso Hospital Central é o Hospital Simão Mendes. E anda toda a gente a dizer que estamos a avançar!

Tenho saudades da pujança do INEP, da Editora Escolar, das Escolas 17 de Fevereiro e Tchico Té, da zona industrial de Brá, da fábrica do Nhaye, do leite blufo, das compotas de bolama, da Escola de música José Carlos Shwarz, etc, etc.

O que é que nos resta enquanto povo?
Tenho saudades do futuro.

A.Casimiro
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10 de novembro de 2011

Human Development Report 2011


Neste relatório, continuam a aparecer os números da nossa vergonha.
Até quando?


http://www.beta.undp.org/content/dam/undp/library/corporate/HDR/2011%20Global%20HDR/English/HDR_2011_EN_Complete.pdf
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23 de outubro de 2011

Relatório do Doing Bussiness


Relatório a ter em conta na avaliação da situação do país.







Ler o perfil económico da Guiné-Bissau em http://www.doingbusiness.org/~/media/fpdkm/doing%20business/documents/profiles/country/GNB.pdf

A.Casimiro
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23 de setembro de 2011

Aristides Pereira (1923- 2011)

Com a "partida" de Aristides Pereira, perde-se mais um pedaço da nossa memória colectiva.
Infelizmente, a Guiné-Bissau nunca soube reconhecer em vida, o homem que teve a espinhosa tarefa de substituir Amílcar Cabral, após o seu assassinato, e que conduziu o nosso país à independência.
O povo guineense, principalmente a juventude, nunca teve consciência do papel desempenhado por Aristides Pereira no processo da fundação do PAIGC e da luta de libertação, apesar de algumas linhas nos livros de Formação Militante.
Muito se questionou do seu papel no "day after" 14 de Novembro e das trocas de correspondência com Nino Vieira. As coisas teriam sido diferentes com outro Secretário Geral do PAIGC?. Muitas explicações ficaram por dar, apesar do lançamento do seu livro Uma luta, um partido, dois países, onde se notou a vontade declarada do autor em não afrontar outros protagonistas da epopeia da luta.
Parte uma das personagens fundamentais da nossa luta.
O meu obrigado Aristides Pereira por ajudar na formação da nossa nacionalidade.
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30 de agosto de 2011

30 August Press Review

30 August Press Review

- Exoneração de Bubo Na Tchuto em cima da mesa
- Bubo Na Tchuto recusa passar à reforma
- Arroz importado pelo governo cria descontentamento no seio do setor privado
- Ex-combatente do exército português acusa o governo de nada ter feito para o respeito do acordo de Argel

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Exoneração de Bubo Na Tchuto em cima da mesa

Bissau Digital, 29-08-11 - Após as reuniões do Conselho Superior de Defesa e Segurança, realizadas no início da semana na Presidência da República, as chefias militares estarão a ser consultadas no sentido do afastamento do Chefe de Estado da Armada, Bubo Na Tchuto, referem fontes angolanas ligadas à Missang.
O processo, que estará ainda na sua fase preliminar terá por base a recusa do Contra-Almirante em se submeter ao processo de reforma do Sector de Defesa e Segurança, actualmente em curso na Guiné-Bissau e cuja liderança pertence a Angola. Outro factor que terá contribuido para esta posição de força do Estado Maior é a atitude desafiadora que Bubo Na Tchuto tem assumido em recentes reuniões na Presidência, recusando mesmo marcar presença em algumas delas. O receio das potenciais consequências está também a pesar para o secretismo que tem estado a envolver todo o processo.

As últimas semanas têm sido fertéis em boatos relativos à vontade de Bubo Na Tchuto aproveitar a actual onda de contestação ao Governo que se faz sentir em Bissau para desencadear um novo momento de instabilidade política no país. Este não seria mais do que um pretexto que serviria de trampolim para o seu objectivo último de se tornar no líder supremo das Forças Armadas guineenses.

Estes receios relativos a Bubo Na Tchuto são indicativos da ansiedade que reina na capital. A população tem a noção clara de que a luta interna de poderes entre Bubo e Indjai é real e perigosa, podendo lançar a qualquer momento a Guiné-Bissau numa nova espiral de mortes e violência entre quartéis desavindos.

Rodrigo Nunes
rodrigo.nunes@pnn.pt


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Bubo Na Tchuto recusa passar à reforma
Fonte : ( VOA, 29 Agosto 2011 ) - Fontes angolanas ligadas à Missão Militar Angolana na Guiné-bissau referiram que após as reuniões do Conselho Superior de Defesa e Segurança, realizadas no início da semana na Presidência da República, as chefias militares estarão a ser consultadas no sentido do afastamento do Chefe de Estado da Armada, Bubo Na Tchuto.

Segundo o sítio da Internet, Bissau Digital, o processo, que estará ainda na sua fase preliminar terá por base a recusa do Contra-Almirante em se submeter ao processo de reforma do Sector de Defesa e Segurança, actualmente em curso na Guiné-Bissau e cuja liderança pertence a Angola.

Outro factor que terá contribuído para esta posição de força do Estado Maior é a atitude desafiadora que Bubo Na Tchuto tem assumido em recentes reuniões na Presidência, recusando mesmo marcar presença em algumas delas.

O receio das potenciais consequências está também a pesar para o secretismo que tem estado a envolver todo o processo.

As últimas semanas têm sido férteis em boatos relativos à vontade de Bubo Na Tchuto aproveitar a actual onda de contestação ao Governo que se faz sentir em Bissau para desencadear um novo momento de instabilidade política no país.

Este seria um pretexto que serviria de trampolim para se tornar no líder supremo das Forças Armadas guineenses.

Estes receios relativos a Bubo Na Tchuto são indicativos da ansiedade que reina na capital. A população tem a noção clara de que a luta interna de poderes entre Bubo e Indjai é real e perigosa, podendo lançar a qualquer momento a Guiné-Bissau numa nova espiral de mortes e violência entre quartéis desavindos.

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Arroz importado pelo governo cria descontentamento no seio do setor privado

Bissau, ( Fonte : Rádio Bombolom-FM ) - O setor privado está desapontado com a atitude do Governo na contratação de um estrangeiro para a importação do arroz para abastecer o mercado nacional.

De acordo com o vice-presidente para a área de comércio, Abel Encada, no final de uma audiência com Carlos Gomes Júnior, o Governo deveria solicitar empresários nacionais para esse efeito e não cidadãos estrangeiros.

"A coisa de que nós estamos contra é a transparência, como foi feita essa operação. São os empresários nacionais que deveriam ser convidados ligados à área de arroz, mas não foi feito assim", criticou Encada.

"No que diz respeito à importação do arroz feito pelo estado, alguns operadores nacionais possuem neste momento estoques desse produto nos seus armazéns sem conseguirem vender nada, porque eles já haviam pago as alfândegas. Eles têm todas as despesas feitas e agora não estão a vender. É esta preocupação que me fez vir ver o PM, estamos no bom caminho, o PM tomou nota", avançou Abel Encada.

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Ex-combatente do exército português acusa o governo de nada ter feito para o respeito do acordo de Argel

Bissau, ( Fonte : Rádio Bombolom-FM ) - Cerca de onze mil ex-combatentes do exército colonial português no país queixam-se de serem abandonados à sua sorte pelo governo.

Interpelado pela imprensa, António Albino Gomes, vulgo Pelé, presidente do conselho fiscal da associação dos ex-combatentes portugueses na GB, acusou o governo de nada ter feito junto ao estado português para o respeito do acordo de Argel.

"Estamos parados, somos ao todo onze mil ex-combatentes do exército colonialista português na então Guiné-Portuguesa... Tentamos várias vezes encontro com o Primeiro-Ministro, mas em vão... Não foi de nossa vontade cumprir o serviço militar obrigatório", lembrou ele.
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26 de agosto de 2011

Amílcar Cabral (1924-1973). Vida e Morte de um Revolucionário Africano


A não perder, o excelente trabalho do Prof. Julião Soares Sousa, historiador Guineense da Universidade de Coimbra.

A.Casimiro
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FMI-Guiné-Bissau: Segunda Avaliação do Acordo Trienal

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26 de julho de 2011

26 July Press Review: Guinea-Bissau in the news

Summary

- PM recebe Conselheira Politica, Económica e Cultural da
Guiné-Conacry
- PM preside cerimónia oficial de inauguração de IBAP
- Presidente da Comissão preparatória da conferência nacional teve
um encontro com a delegação do BAO
- Visita do Ministro de Estado de Relações Exteriores do Brasil ao
país
- Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas de Angolanas de
visita ao país
- Iniciou hoje a 5ª Conferência do Comité Regulador das Tecnologias
de Informações e Comunicações na UEMOA
- SINJOTECS realiza em Agosto próximo o seu primeiro congresso
- Roubo de vacas discutido na ANP
- Países membros da CEDEAO debatem questões relacionadas com o
género

O Presidente da República recebe esta terça-feira os responsáveis dos
partidos políticos do país com assento parlamentar. Malam Bacai Sanha
volta de França, onde esteve para uma consulta médica de controle.
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Luanda aguarda apenas por Bissau para libertar fundos para reforma das
Forças Armadas - CEMGFA angolano

( Lusa,25 de Julho de 2011 ) - O governo de Angola aguarda apenas pelas
autoridades da Guiné-Bissau para libertar os fundos prometidos para o
programa de reforma das Forças Armadas guineenses, declarou hoje em
Bissau, o chefe das Forças Armadas angolanas, Geraldo Nunda.

Em declarações à imprensa no quartel do Estado-Maior das Forças Armadas
guineense, Geraldo Nunda, que se encontra de visita de trabalho a
Guiné-Bissau, afirmou que todas as condições para o início da reforma do
sector militar guineense já estão criadas.

"Os trabalhos preparativos dessa reforma, incluindo a identificação do
exército guineense em número, já estão feitos. Até já se fizeram as
imagens da cada militar. Ora identificar cerca de quatro mil homens não é
tarefa fácil", disse o general Nunda, que hoje iniciou uma visita de
trabalho de uma semana à Guiné-Bissau.

O responsável militar angolano disse que o seu governo apenas aguarda que
as autoridades guineenses façam chegar a Luanda uma estimativa dos custos
financeiros para mandar libertar fundos "disponíveis desde Dezembro
passado", de forma a dar inicio às obras de reabilitação dos quartéis na
Guiné-Bissau.

"Tão logo esses valores cheguem a Angola os fundos serão libertados. Se,
por exemplo, na próxima semana chegarem a Luanda os projetos com os
custos, os fundos serão libertados, mesmo que em parte, na semana a
seguir", explicou o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas
Angolanas.
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PM recebe hoje Conselheira Política, Económica e Cultural de Guiné-Conacry
Bissau – (Fonte: Radio Sol mansi – RSM) - o encontro serviu para a
Conselheira em representação do seu Governo fazer uma apresentação ao
chefe de Governo sobre a situação no seu país. Adja Kuban Tchuba informou
Carlos Gomes Júnior que estão a preparar a realização de eleições
legislativas ainda para este ano para criar uma Assembleia Soberana para
legalizar as instituições e os acontecimentos de 18 de Julho não irão
afectar o funcionamento do Estado guineense.
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PM preside cerimónia oficial de inauguração de IBAP
Bissau – (Fonte: Radio Solmansi – RSM) - a construção da nova sede contou
com o apoio do Reino de Espanha no valor de 700 mil euros no âmbito da
cooperação espanhola através do seu organismo autónomo dos parques
nacionais.
Carlos Gomes Júnior reconheceu a importância económica da biodiversidade
como uma das fontes de divisa através de recursos pesqueiros, turísticos,
faunísticos e florestal.
A cerimónia contou ainda com a assinatura de um memorando de entendimento
que prevê a realização de diversos planos interactivos do IBAP.
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Presidente da Comissão preparatória da conferência nacional teve um
encontro com a delegação do BAD
Bissau – (Fonte: Radio Solmansi – RSM) – o objectivo deste encontro é para
inteirar dos avanços já realizados pela comissão organizadora. Serifo
Nhamadjo afirmou que a delegação do banco mostrou vontade em se associar à
sua iniciativa.
Terminaram este fim-de-semana as conferências nas regiões e Nhamadjo fez
um apelo aos grupos étnicos para continuarem a conviver pacificamente e
alertou aos guineenses para estarem atentos à tentativa de aproveitamentos
políticos dos pequenos problemas entre os vizinhos.
“Apelamos às pessoas para participarem nos trabalhos de sensibilização e
dizer aos guineenses que a GB chegou numa fase sem retorno ou seja não
podemos voltar atrás, foi difícil chegar até aqui apesar das dificuldades,
não temos outra saída se queremos realmente a estabilidade e progresso
temos que percorrer este caminho, um caminho de respeito, de
resolvermos os nossos problemas pelo diálogo e chegou a altura de cada um
contribuir para o bem do país” defendeu o Primeiro Vice-Presidente da ANP.
A realização desta conferência é o caminho certo para encontrar a paz na
Guiné-Bissau opinaram os conferencistas da região de Oio e Bissau será o
palco da conferência da capital.
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Visita do Ministro de Estado de Relações Exteriores do Brasil no país
Bissau – (Fonte: Radio Solmansi – RSM) – a delegação chefiada pelo
Ministro foi recebida pelo PM com o objectivo de saber dos acordos de base
de cooperação técnica e científica entre o Brasil e Guiné-Bissau.
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Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas de Angolanas de visita ao
país
Bissau - (Fonte : Rádio Difusão Nacional - RDN ) – o CEMGFA inicia hoje as
sessões de trabalho no âmbito das Reformas no Sector de Defesa e Segurança
na sequência de visita ao país durante uma semana.
General Geraldo Sanchitongo tem encontro conjunto com as chefias
militares guineenses e com a MISSANG (Missão Técnica Militar e de
Segurança Angolana) instalado no país, o General chega a Bissau depois da
CPLP ter aprovado o roteiro das reformas em curso na Guiné-Bissau.
PM anunciou a disponibilização pela União Europeia de 10 milhões de euros
a para o fundo das pensões, Carlos Gomes Júnior disse que com este apoio
dos parceiros a Guiné-Bissau caminha-se para a estabilidade.
O PM manteve ainda ontem um encontro com a Missão Fórum de Macau. No
encontro o Ministro da Agricultura, Barros Bacar Injai pediu apoio da
China para a modernização do sector agrícola para fazer face às
dificuldades alimentares.
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Iniciou hoje em Bissau a 5ª Conferência do Comité Regulador das
Tecnologias de Informações e Comunicações na UEMOA
Bissau - ( Fonte : Rádiodifusão Nacional - RDN ) – o encontro que termina
amanhã insere-se no programa de actividades 2010-2011 sendo o tema
principal o controle do tráfico no espaço UEMOA, o Comité Regulador das
Tecnologias tem como principais objectivos a cooperação entre as
autoridades reguladoras de telecomunicações da UEMOA e facilitar tomadas
de decisões relativas ao sector.
Será apreciada neste encontro de Bissau a questão de reconhecimento mútuo
das ratificações de equipamentos de telecomunicações.
Para o Secretário de Estado dos Transportes e Comunicações, José Carlos
Esteves a harmonização de telecomunicações é determinante na realização
dos OMD.
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SINJOTECS realiza em Agosto próximo o seu primeiro congresso
Bissau - ( Fonte : Rádio Difusão Nacional - RDN ) – o congresso será
realizado nos dias 18 á 20 de Agosto .
A reunião magna na qual será escolhida uma nova direcção vai ser
antecedida com um encontro sobre a vida da classe. Também serão aprovados
os relatórios de actividades de contas e estatuto da organização e contará
com a presença de 100 delegados.
Amarante Sampa, Porta-Voz da Comissão Organizadora anunciou que de a
conjuntura do país e as dificuldades financeiros originou o atraso da
realização do congresso.
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Roubo de vacas e impunidade a serem discutidos na ANP
Bissau - (Fonte : Rádio Difusão Nacional - RDN ) – o Ministro da Justiça
respondeu hoje aos deputados sobre a situação de roubo de vacas que se tem
verificado no país e esclareceu que é dever do Governo fazer a implantação
de todo o território nacional da polícia judiciária, facto que até este
momento não aconteceu por falta de infra-estruturas mas todavia disse que
existe vontade e as de marches estão a ser feitas.
Mamadu Saliu Pires também falou sobre o caso do senegalês
barbaramente morto em Gabú pelos agentes da polícia local e garantiu que o
Ministério da Justiça vai dar instruções à Direcção Nacional da PJ para
priorizar imediatamente iniciar este inquérito e esteja quem estiver em
causa a PJ vai investigar e quem cometeu esse crime vai responder à
Justiça sob orientação do Ministério Público.
O Ministro ainda realçou o fecho de alguns tribunais de sectores por
falta de pagamento de rendas de casa e enalteceu que as verbas que vão ser
afectadas no quadro das reformas da defesa e segurança vão com certeza
ajudar a justiça de modo a equilatar (sic) em alguns ajustes em termos de
tribunais.
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Países membros da CEDEAO debatem questões relacionados com o género
Bissau - ( Fonte : Rádio Bombolom-FM ) – o Governo e a CEDEAO estão
preocupados com a situação da mulher. Nessa óptica, reuniu-se esta manhã
com duração de 4 dias o seminário nacional de formação de formadores
sobre a questão do género. Este encontro de Bissau segundo os seus
mentores visou incutir na mente dos participantes o conceito da integração
de género nas políticas de programas regionais.
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18 de julho de 2011

Guiné-Bissau: O país que teima em fintar o futuro

Após os acontecimentos de 1 de Abril de 2010, escrevi o seguinte texto, que tentava reflectir (de forma simplista talvez, e carregada de revolta com toda a certeza) sobre o que leva que a Guiné-Bissau teime em permanecer sempre, e parece que orgulhosamente, no fundo de qualquer índice de desenvolvimento humano. Nestes dias em que a instabilidade política parece estar de volta, resolvi ir buscar novamente as causas que me tinham vindo à cabeça na altura, com o objectivo de despertar consciências e estimular o debate.


1- A luta de libertação nacional: Do génio de Amílcar Cabral surge a vontade e a capacidade de luta. Um povo maioritariamente analfabeto pega em armas contra um regime mais forte mas que se encontrava do lado errado da história (pelo menos do nosso ponto de vista). No entanto, a luta começou muito cedo a demonstrar o espírito de malvadez e falta do dever moral de que falava Kant. O congresso de Cassacá tentou por ordem na selvajaria de uns quantos que utilizavam o partido para cometer actos do mais bárbaro que existia. Sol de pouco dura. Os camaradas continuaram a matar-se, a trair e a conspirar. Todos os pretextos eram válidos. De acusações de feitiçaria, tribalismos e da permanente "ameaça" da ala cabo-verdiana (Vide por exemplo Luís Cabral, Crónica da Libertação, O Jornal, 1984 ou José Vicente Lopes, Cabo Verde: Os Bastidores da Independência, Instituto Camões, Centro Cultural Português Praia/ Mindelo 1996) . Apesar do esforço de Cabral na tentativa de capacitação dos combatentes e dos meninos da escola piloto, a maldade intrínseca (?) acaba por vir à tona. Cabral é morto de forma bárbara. Queria falar dos problemas, discutir. Ele deveria saber que esses eram conceitos pouco compreendidos pelos abutres. Os autores morais permaneceram na penumbra e no medo da verdade de que falou há dias Ernesto Dabó. Com a morte da referência moral, o viveiro de ódios e malvadez foi dando cada vez mais frutos.

2- A independência: E chegou o 24 de Setembro de 1973. O povo decidiu proclamar de forma unilateral a sua independência. Um novo dia parecia nascer. Sol de pouca dura. Os camaradas entraram para a capital com a arrogância dos vencedores. Tinham pouco a aprender. Estátuas foram deitadas abaixo. Pessoas com experiência de administração na época colonial foram postas de parte ou “convidadas” a seguir para Portugal. O problema dos comandos africanos foi tratado de forma desastrosa. Pessoas com muitas limitações intelectuais proclamaram-se donos da verdade. O nível de vida começou a deteriorar a olhos vistos.

3- O 14 de Novembro: O chamado movimento reajustador. O fim do sonho de união Guiné/Cabo-Verde. Os cabo-verdianos agradeceram (Vide José Vicente Lopes, op. cit) . Nino Vieira fala das matanças do tempo do Luís Cabral. Ele que foi ministro da defesa e primeiro-ministro disse desconhecer tudo o que se passou. Houve quem tivesse acreditado. Muitas explicações foram dadas para o golpe de estado (Ler por exemplo Carlos Lopes, Para uma leitura sociológica da Guiné-Bissau, Edições ES,1988) . A cultura de "matchundadi" dava mais um passo. O diálogo como forma de resolução de problemas foi ficando para trás (Fernado Delfim da Silva fala disso em Guiné-Bissau: páginas de história política, rumos da democracia. Bissau, Firquidja editora, 2003). Nino vai-se tornando no senhor absoluto. O país e o seu povo continuam a empobrecer (Basta consultar os índices de desenvolvimento humano dos diferentes anos).

4- O programa de ajustamento estrutural: Muita tinta já foi escrita sobre a influência e os efeitos da entrada do FMI e do BM na Guiné-Bissau e do famigerado programa de ajustamento estrutural (António Isaac Monteiro (coord.), O Programa de Ajustamento Estrutural na Guiné-Bissau, Análise dos efeitos sócio-económicos). O país continua na sua caminhada firme em direcção à pobreza.

5- A abertura democrática e a carta dos 121: Entre pressões internas e externas num mundo pós muro de Berlim, lá chega a abertura democrática. No entanto, existe um momento importante de cisão no PAIGC. O conflito entre os falcões do regime e uma série de quadros. Momento de caça-às-bruxas dos que sentiam o mundo desaparecer à sua volta. Em pouco tempo, o partido perde imensa massa crítica e os falcões sorriem. Mininus ten ku kunsi se lugar!O país não interessava para as contas.

6- As eleições de 1994 e o Governo PAIGC: Chegam as eleições de 1994. Muitos esperam o pior a exemplo do resto de África. Nestas eleições assistimos ao nascimento de um novo "player" que marcará para sempre a política guineense- Kumba Yala que força, de forma inesperada para a grande maioria dos observadores, Nino Vieira a uma segunda volta renhida. O PAIGC vence de forma folgada as eleições legislativas, mas no entanto, entra em crise quando é preciso escolher um primeiro-ministro. Um grupo de "enfants terribles" força a nomeação de Manuel Saturnino Costa, a quem todos reconheciam a pouca competência e preparação para o cargo. Ouço falar dos preto nok a assaltarem o poder. A incompetência estava à vista de todos. Nino Vieira decide, passado algum tempo e uma série de convulsões, nomear Carlos Correia como primeiro-ministro.

7-7 de Junho de 1998: O início do fim. Guerra na minha cidade. Cenário dantesco de destruição e ausência de respeito pela vida. Lutas de egos, traições, infidelidades e lugares levam um povo ao martírio total. A selvajaria e ausência de respeito pela vida humana, entrou de forma definitiva no léxico nacional.

8- Eleições de 2000: Kumba Yalá e o PRS chegam ao poder. E o fim do estado da Guiné-Bissau vai-se consolidando a passos largos. Gente impreparada e desconhecedores da sua ignorância assaltam o poder e as suas instituições. Tudo passa a valer. Como disse alguém, a mata raptou a cidade. Os militares continuaram o seu ajuste de contas. Perdi a conta às mortes selváticas.

9-Um novo fenómeno: A Droga. Entrou de rompante. De repente os carros topo de gama tomaram conta das ruas esburacadas e mal iluminadas da cidade. Os senhores da droga passaram a ser os novos reis. E o país ficou refém de um poder oculto. Para sempre?

10-O regresso de Nino Vieira: Demonstrando que a memória do povo é curta, Nino Vieira regressa ao poder. Para mostrar que não tinha perdido o jeito, tratou rapidamente de demitir o governo eleito de então e empossa um governo de iniciativa presidencial com os enfant terribles do costume. O povo volta a escolher o PAIGC. No fim, a tragédia. O presidente e o Chefe militar são brutalmente assassinados. E o país continuou no seu dia-a-dia na maior "normalidade" até o dia 1 de Abril.


A.Casimiro
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