3 de julho de 2011

O Que os Guineenses Têm Aprender Com o Japão?

Breve Enquadramento Histórico
O Japão é um país situado na Ásia Oriental. Localizado no Oceano Pacífico, a leste do Mar do Japão, da República Popular da China, da Coreia do Norte, da Coreia do Sul e da Rússia, estendendo-se do Mar de Okhotsk, no norte, ao Mar da China Oriental e Taiwan, ao sul. As letras que compõem o seu nome significam "origem do Sol", razão pela qual o Japão é às vezes identificado como a"Terra do Sol Nascente".
O país é um arquipélago de 6.852 ilhas, cujas quatro maiores são Honshu, Hokkaido, Kyushu e Shikoku, representando em conjunto 97% da área terrestre nacional. O Japão possui a décima maior população do mundo, com cerca de 128 milhões de habitantes. A Região Metropolitana de Tóquio, que inclui a capital de facto de Tóquio e várias prefeituras adjacentes, é a maior área metropolitana do mundo, com mais de 30 milhões de habitantes. [in  Wikipédia]

A fundação do Japão remonta ao ano de 660 a.C. 
Até meados de 1800, o Japão manteve-se isolado do resto do mundo por cerca de dois séculos e meio, até ser obrigado à abertura ao mundo após a chegada de navios dos Estados Unidos com Matthew Perry.
Durante a última metade do século 19 e inícios do século 20, o país assistiu a um grande expansionismo e desenvolvimento económico e a vitória nas guerras sino-japonesa (1894-1895) e russo-japonesa (1904-1905). Todos estes acontecimentos aliados a outros tais como a conquista da Correia e das ilhas de Taiwan e de Sacalina, grantearam a Japão o título do país mais influente da Asia.
Em 1941, após os EUA colocarem um embargo de petróleo ao país como resposta a invasão do Japão à Indochina Francesa em 1940, o Impêrio do Japão ataca a base naval de Pearl Harbor e declara guerra aos Estados Unidos, Reino Unido e Países Baixos. Este acontecimento serviu aos EUA como pretexto para entrar na Segunda Guerra Mundial e em 8 de Dezembro de 1941 os três últimos países declaram guerra ao Japão.

BOMBAS ATÓMICAS, DESTRUIÇÃO DE CIDADES E PERDAS DE CENTENAS DE MILHARES DE VIDAS
Em 1945, o Japão iria assistir a uma das maiores catástrofes humana e nucleares da história do país. Após seis meses de intenso bombardeio sobre o Japão, sob ordem do então presidente americano Harry S. Truman, a Força Aérea dos EUA lançaram duas bombas atômicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki.
Numa clara demonstração desnecessária de superioridade tecnológica, os EUA lançaram sobre a cidade de  Hiroshima no dia 6 de Agosto de 1945 uma bomba atômica que explodiu no solo matando cerca de 140 000 japoneses em questão de segundos. Três dias depois, a 9 de Agosto, os EUA lançariam outra bomba atômica na cidade de Nagasaki, matando instantâneamente outras 80 000 pessoas. Até hoje, estes dois massacres foram os únicos ataques na história onde se utilizaram armas nucleares.

As duas cidades foram escolhidas estratégicamente; por um lado, porque eram das cidades mais industrializadas do Japão, o que poderia causar alguma concorrência após o fim da guerra devido à força económica que o Japão detinha. Além disso, os EUA procuravam alcançar o maior efeito destrutivo que podesse haver, procurando uma área que podesse dessa forma demonstrar um "antes e depois" mais terrível possível.

No entanto o número de mortes é bastante superior se fôr levado em conta as mortes após as explosões nucleares. Em palavras miúdas, as explosões libertaram ondas de radiação que contaminaram milhares de japoneses. Essas radiações são prejudiciais ao corpo humano, e como resultado milhares de sobriveventes sofrerem horrores devido a esta contaminação. Só para ter uma idéia, dias, semanas, meses, anos e décadas depois do ataque nuclear as pessoas continuaram a sofrer com os problemas de saúde resultantes dessa radiação e até hoje bebês nascem com malformaçoes (sem pés, sem mãos, com partes do corpo mutiladas ou distorcidas , etc) porcausa da consequência que as radiações tiveram nos seus pais/avôs, a nível genético.

Após este cenário e devido à centena de milhares de mortos e destruição de duas cidades tão importantes, o Império do Japão foi obrigado a render-se e assinar um armistício, dando assim fim à Segunda Guerra Mundial.

Os custos das perdas materiais e humanas foram altíssimos. Grande parte da indústria e infraestruturas do país foram destruídas. Japoneses foram julgados pelo Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente, convocado pelos países aliados, vencedores da guerra.

O cenário parecia catastrófico e desolador. Será que os japoneses deixaram-se levar pelo desânimo e pela situação devastadora com quem então se deparavam? Será que acharam impossível voltar a re-erguer-se algum dia?
Não.
Em 1947, o Japão, um país arrasado pela guerra, aprovava uma nova constituição mais pacifista e salientava práticas democráticas liberais. Em 1956, tornava-se membro das Nações Unidas. Durante as próximas décadas, o Impêrio japonês teve um crescimento econômico espectacular e recuperou de uma forma como nunca jamais vista. Além de investir massivamente na educação, investiu no sector privado e na construção de novas fábricas e equipamentos e apostou no senso colectivo de trabalho. Esse esforço conjunto e essa dedicação deram ao Japão uma taxa de crescimento anual de 10% nas últimas quatro décadas do século XX e tornaram o país a segunda maior economia do mundo!

No entanto, em meados da década de 1990 este rápido crescimento terminou quando o Japão entrou em recessão. Mas nem isso colocou-se como pedra no caminho da determinação dos japoneses e no princípio dos anos 2000 os sinais de recuperação, embora graduais, já eram visíveis.
Mesmo assim, Japão assegurou-se como:
- Terceira maior economia do mundo em PIB nominal e em poder de compra
- Quarto maior exportador do mundo
- Sexto maior importador do mundo 
- É o único país asiático membro do G8, as 8 maiores economias do mundo
- Possui o 11º maior IDH (índice de desenvolvimento humano), possuindo um padrão de vida muito alto
- Possui a 3ª menor taxa de mortalidade infantil do mundo
- Segundo maior produtor de automóveis do mundo
- Possui a maior expectativa de vida do mundo 
É líder nos campos da pesquisa científica, tecnológica, maquinária e médica
O maior banco do mundo está no Japão, o Mitsubishi UFJ Financial Group, com aproximadamente 1,7 trilhões de dólares em fundos
- Também se localiza no Japão o maior sistema de caderneta de poupança postal do mundo e o maior titular de poupança mundial, o Serviço Postal Japonês, detentor de títulos privados da ordem de 3,300 bilhões de dólares. 
- Possui a segunda maior bolsa de valores do mundo, a Bolsa de Valores de Tóquio, com uma capitalização de mercado de mais de 549,7 trilhões de yens em Dezembro de 2006.

SISMO, INCÊNDIOS, TSUNAMI, E AMEAÇA NUCLEAR

No dia 11 de março de 2011 o Japão sofreu o pior sismo de sempre na sua história. A magnitude do sismo foi de 9,0MW e teve epicentro no largo da costa do Japão. Apesar do Japão ser um dos países mais preparados para os abalos sísmicos, a intensidade dos abalos não deixou de provocar grandes prejuízos tais como deslocação das camadas de terra, destruição de vias ferroviárias, rompimento de uma barragem, etc.
Logo de seguida os abalos foram agravados por um tsunami com ondas com cerca de 10 metros de altura que invadiram a terra por mais de 10 km.
As imagens divulgadas na internet e nas televisões deixaram milhões de pessoas estupefactas pela força da natureza, em que correntes de água misturada com detritos avançavam e "comiam" a terra, deixando atrás cidades destruídas, casas arrastadas, carros em cima de árvores, etc. No meio do cenário apocalíptico via-se ainda incêndios e sedimentos a arder no meio da destruição.
Quando se pensava que com o  sismo, o tsunami e o fogo o cenário não poderia piorar, eis que surge a quarta ameaça: a ameaça nuclear.
No dia 12 de março ocorreu uma explosão na Central Nuclear de Fukushima I, como consequência do tsunami que provocou uma avaria no sistema de refrigeracao. No dia anterior fora declarado estado de emergência na central nuclear. O país vive agora em sobressalto porcausa da série de explosões numa série de reactores nucleares e após a confirmação da libertação de altos níveis de radiação na atmosfera.
No meio de tanta vulnerabilidade e confusão, poderia-se pensar que notícias de roubos, saques e violações  abundariam na imprensa, no entanto até agora tais têm passado despercebidas, por mais que as agências noticiosas procurem por detalhes sensacionalistas e destaques. O povo japonês tem demonstrado um grande sentido de solidariedade e entre ajuda. 
É notório também a calma e sensatez com que os japoneses têm encarado toda esta tragédia, sendo raro ver um japonês ou japonesa em demonstrações de histeria ou pânico, mesmo em meio ao caos e destruição.
Até ao momento, existem pelo menos 5 000 mortos confirmados e milhares de desaparecidos. Os prejuízos já são estimados em cerca de 200  biliões de dólares, sendo que os números continuam a aumentar.




CONCLUSÃO
Infelizmente, tudo leva a crer que as repercussões da tragédia que se abateu sobre o Japão ainda não acabaram. A eminência de uma nova tragédia nuclear, a busca incessante e o número crescente de corpos encontrados, a destruição a larga escala de cidades, aeroportos, infraestruturas, habitações e instalações industriais, entre outros pintam um cenário desolador e nunca antes imaginado.
Mas segundo ensinou-nos a história, o povo japonês tem todos os ingredientes para voltar a surpreender o mundo e dar a volta por cima. Pois eles sabem unir-se no meio das dificuldades, encarar as coisas com calma e pragmatismo, trabalhar e, acima de tudo, são resilientes.
Segundo um leitor inglês do site DailyMail,
Não tenho nada além de uma profunda admiração pela forma como o povo do Japão tem enfrentado esse desastre. Sem choros e lamentos em público. Sem gritos e berros porcausa dos seus grandes prejuízos, apenas uma calma aceitação dos factos e uma estóica e infalível determinação  e  firmeza para lidar com a situação. Eles são um exemplo para todos nós da maneira como devemos esforçar-nos para conduzir-nos em face a dificuldades.
Deadeye, Brampton, 14/3/2011 09:07 


Mas os japoneses não cessam de nos surpreender. Uma estrada gravemente destruída pelo sismo foi reparada SEIS dias após a sua destruição. Os trabalhos começaram no dia 17 de Março e no dia 23 do mesmo mês eis que estava quase que miraculosamente reerguida como se não tivesse devastada há menos de uma semana atrás. Os japoneses fazem uso da sua avançada tecnologia e qualidades humanas já citadas para pouco a pouco voltar a erguer-se. Veja a imagem abaixo, retirada do site DailyMail: 

Now you see it...: This stretch of the Great Kanto highway was wrecked by deep chasms in the March 11 earthquake - but was repaired in just six days


Em Bissau, temos o projecto de reabilitação da principal via rodoviária em decurso há já algum tempo, que apesar de representar uma melhoria se forem atingidos os objectivos, tal obra vem criando algumas reclamações devido à quantidade de poeira emanada e problemas respiratórios causados, havendo pessoas a reclamar de não saber estimar os danos à saúde que a obra irá causar se continuar a arrastar-se até ao seu fim. Vamos rezar para que pelo menos valha a pena, e não seja mais uma das estradas financiadas por organismos internacionais, em que o resultado final (temporário) remeta-nos a estradas continuamente esburacadas e obras com pouca qualidade e rigor.

Exemplos não faltam, e seria óptimo se os nossos jovens, idosos, trabalhadores, governantes e políticos, população geral baseasse-se em exemplos como o do Japão, para de uma forma democrática e séria assumirmos as nossas respnsabilidades, não interessa quais as dificuldades e arremessar as mangas e fazer do nosso país o melhor que pode ser. Basta de incessantes pedidos de apoios financeiros, negligenciar o povo por interesses pessoais ou exteriores, tudo o que precisamos está aqui dentro e mais do que apoio financeiro, precisamos apostar mais na procura de exemplos comportamentos e atitudes pró-desenvolvimentistas e positivas, pois é ali que reside a verdadeira e mais eficiente chave do sucesso.

Ivy Silla

Fontes:
* Este artigo foi redigido com a ajuda dos dados do Wikipédia, a enciclopédia online.
* DailyMail.co.uk


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1 comentários: on "O Que os Guineenses Têm Aprender Com o Japão?"

A. Casimiro disse...

Um exemplo de que o trabalho, o estudo e a dedicação compensam!

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